E-book Saúde Psicológica e Bem-estar

SAÚDEPSICOLÓGICAEBEM-ESTAR MARGARIDAGASPAR DE MATOS CÁTIA BRANQUINHO NUNO NETO RODRIGUES ObservatórioEscolar: Monitorização eAção 2023 1

Coordenação da Investigação e do e-book Margarida Gaspar de Matos, Cátia Branquinho & Nuno Neto Rodrigues Investigadoras Catarina Noronha & Bárbara Moraes Colaboração na investigação e estudos específicos Marina Carvalho, Celeste Simões, Adilson Marques, Gina Tomé, Fábio B. Guedes, Ana Cerqueira, Rita Francisco, Tiago Ribeiro, Osvaldo Santos & Tania Gaspar Colaboração no desenho e implementação do estudo Sofia Ramalho/ Ordem dos Psicólogos Portugueses, Pedro Cunha/ Fundação Calouste Gulbenkian, José Vítor Pedroso/ Direção-Geral da Educação, José Verdasca/ Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar Revisão do sumário executivo nas versões estrangeiras Diego Gómez-Baya, Sandrine Guilhem, Emmanuelle Godeau, Fábio Zeferino Edição & design do e-book Celine Mestre Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 2

Índice geral Prefácio pelo Sr. Ministroda Educação Enquadramento pelo Sr. Diretor-Geral da DGEEC Sumário executivo Enquadramento do estudo Metodologia Resultados descritivos globais Estudos aprofundados Conclusões globais Conclusões dos estudos aprofundados Recomendações Posfácio pelo Sr. Diretor-Geral da DGE Posfácio pela Sra. Vice-Presidenteda OPP Posfácio pelas Academias do Conhecimento FCG Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 3

Índice dos estudos aprofundados Fatores psicológicos e competências associadas aos sintomas psicológicos em adolescentes no pós-pandemia: diferenças de género e escolaridade Modelo quadripartidodas relações entre a satisfação com a vida e o mal-estar psicológico: potencial impacto nas políticas públicas Insatisfeitos com a vida ou em risco de depressão? Um estudo com adolescentes do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário Bem-estar e satisfação com a vida entre os professores: situação dos professores portugueses Adaptaçãopsicológica à pandemiade Covid-19 em professores portugueses: o papel dos fatores psicológicos e contextuais na perceção de alterações na vida diária A relação entre o apoio da direção da escola e o bem-estar psicológico dos professores: O efeitomediador do ambienteescolar. Evidências de um estudo nacional no contexto do apoio governamental pós-pandemia, dirigido à promoção da saúdemental nas escolas Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 4 Preditores do comportamento prossocial nas crianças inscritas na educação préescolar e nos alunos matriculados no 1.º ciclo do ensino básico: o papel do contexto regional num estudo nacional no contexto pós-pandémico O papel do contexto regional no desempenho académicodas crianças inscritas na educação pré-escolar e dos alunos matriculados no 1.º ciclo do ensino básico Estilo de vida saudável na saúdemental das crianças e adolescentes: o cumprimento das recomendações 24 horas do movimento nos sintomas de depressão, ansiedadee stresse Satisfação com a vida dos alunos: influência de variáveis pessoais e contextuais, com foco no ecossistema escolar Perceção da satisfação, qualidadede vida percebida e competências socioemocionais dos alunos nas escolas portuguesas Adaptaçãopsicológica à pandemiade Covid-19 em alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário: o papel dos fatores psicológicos e contextuais na perceção de alterações na vida diária

Prefácio pelo Sr. Ministro da Educação, Professor João Costa Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 5 Esta publicação cumpre um dos objetivos do Plano de Recuperação das Aprendizagens Escola+ 21|23, que elege o trabalho sobre bem-estar socioemocional como um dos seus eixos prioritários. Quando pensamos, observamos e pretendemos agir sobre a promoção do sucesso escolar, torna-se cada vez mais evidente que muitas crianças e jovens não conseguem aprender, não por terem um qualquer problema a nível cognitivo, mas sim por questões que se prendem com o seu equilíbrio emocional, com barreiras impostas por contextos sociais ou por, na circunstância de uma combinação de vários fatores, não conseguirem construir uma relação positiva consigo próprios e com a escola. Ignorar a relevância das competências socioemocionais em contexto educativo seria, assim, descartar uma das principais causas do insucesso escolar, não contribuindo para que a escola cumpra a sua missão. O Decreto-lei n.º 54/2018, que estabelece o regime jurídico para a educação inclusiva, propõe uma abordagem não padronizada à inclusão, na medida em que nos convoca para a identificação dos fatores que impedem o acesso ao currículo independentemente da existência de um diagnóstico clínico. É por esta via que passam a ser incluídos alunos que rejeitam a escola por não se sentirem bem, porque são vítimas de bullying, porque vivem contextos familiares complexos, por não terem famílias que promovam o respeito pela escola e por quem lá trabalha. Neste contexto, a identificação de características socioemocionais específicas torna-se central. Paralelamente a estas preocupações com a inclusão, desenvolveu-se também uma consciência mais clara, tanto nos debates nacionais sobre educação quanto a nível internacional, de que as competências socioemocionais integram o conjunto de capacidades a desenvolver em contexto escolar. Num contexto de crescente isolamento dos jovens, por vezes por relações tóxicas ou de dependência face à tecnologia, num momento em que a manipulação cresce através da promoção dos populismos, radicalizações com consequentes impactos no fomento de novos discursos de ódio, numa alteração profunda da relação com a informação e conhecimento fruto da revolução tecnológica, importa, talvez como nunca, que a

Prefácio pelo Sr. Ministro da Educação, Professor João Costa Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 6 aprendizagem de conteúdos seja acompanhada do fomento da empatia, da autoestima, da regulação de comportamentos e emoções, do fomento do respeito por si próprio e pelos outros. Quando se reflete sobre o futuro do trabalho, há um consenso entre académicos relativo à centralidade destas competências para um sucesso ao longo da vida e para a construção de uma cidadania positiva. A consciência deste estado de coisas está presente no currículo nacional, na integração no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória de competências, princípios e valores a desenvolver que abraçam este desafio. Os contributos das neurociências são essenciais para este debate. Da imensidão de estudos que suportam a relevância do fomento das competências socioemocionais, relevo a importância do trabalho do Professor António Damásio, que mostra o quanto os processos de decisão convocam a razão e a emoção. Um corolário desta evidência é a necessidade de trabalhar a razão, o conhecimento, o pensamento científico, a par de trabalhar as emoções para que haja boa e criteriosa tomada de decisão. A pandemia despertou a atenção dos sistemas educativos, a nível global, para a saúde mental e para o equilíbrio emocional. Em Portugal, há um caminho trilhado há vários anos, que se tem materializado no reforço de psicólogos e outros técnicos para as escolas, mas também nas iniciativas que as escolas desenvolvem com grande empenho e sucesso, que envolvem programas como o Desporto Escolar, onde tantos encontram a sua primeira experiência de sucesso, o Plano Nacional das Artes, que fomenta a calma e o deslumbramento com o que é belo, o Escola sem Bullying|Escola sem Violência, centrado na promoção do respeito por todos, o Programa Ubuntu, que visa fomentar competências de liderança construtiva. Sobretudo, sabemos que não há tecnologia que substitua a relação humana. Educar é sempre um ato relacional profundo e, por isso, queremos continuar este trabalho. Este livro colige um conjunto de estudos que nos ajuda a pensar a escola e a educação de uma forma sustentada cientificamente. Aponta caminhos não apenas centrados nos alunos, mas em toda a comunidade escolar, incluindo os professores e outros agentes, em linha com a promoção de uma escola promotora de um ambiente positivo. Que constitua um apoio ao trabalho das escolas e uma bússola para a ação política sobre a educação. João Costa

Enquadramento pelo Sr. Diretor-Geral da DGEEC, Dr. Nuno Neto Rodrigues A Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como a Constituição Portuguesa, desde cedo consagraram a saúde e o bemestar como direitos inalienáveis das sociedades e dos seus indivíduos. A saúde psicológica e o bem-estar são assim temas centrais na vida das pessoas e, como tal, não podem ser descurados no contexto escolar, espaço privilegiado para promover estilos de vida saudáveis e incentivar a adoção de hábitos que contribuam para o bem-estar físico, emocional e social das comunidades que o integram. Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 7 Também em Portugal, especialmente nos últimos anos e sobretudo, através da publicação do Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória (2017), reforçado com o Plano de Recuperação das Aprendizagens 21|23 Escola+ (2021), o tema ganhou centralidade, definindo-se competências e promovendo-se medidas, que revelam a preocupação, o reconhecimento e a necessidade de valorização da saúde psicológica e do bem-estar nas escolas, não só por parte dos governantes e dos profissionais de saúde, mas na realidade por parte de todo o ecossistema escolar. O desafio de resposta a estas necessidades, a par do objetivo de proporcionar aos alunos um desenvolvimento integral, fez com que as escolas portuguesas passassem a implementar ações concretas nestas áreas, desde a promoção de uma alimentação saudável e equilibrada, à prática de atividades físicas e desportivas, passando pela educação para a saúde, o combate ao bullying e a promoção da saúde mental. O desenvolvimento de competências socioemocionais, promotoras de uma atitude responsável e de vontade de ser e fazer melhor no seu percurso educativo e na sociedade, em geral, passou a fazer parte do léxico das comunidades educativas. A centralidade do tema, e a necessidade de recolher e monitorizar indicadores de saúde psicológica e de bem-estar nas escolas portuguesas, com vista ao desenho de propostas de intervenção diferenciadas, em função das necessidades identificadas, fez com que o Ministério da Educação

Enquadramento pelo Sr. Diretor-Geral da DGEEC, Dr. Nuno Neto Rodrigues começasse a sentir necessidade de desenvolver análises mais finas que permitissem complementar e melhor conhecer os resultados obtidos pelos mais relevantes estudos internacionais sobre este tema. Assim, num trabalho de parceria entre DGEEC, DGE, PNPSE, Equipa AS, OPP e FCG, que contou com a coordenação científica da Professora Doutora Margarida Gaspar de Matos, foi possível realizar o primeiro estudo nacional sobre a saúde psicológica e bem-estar das crianças e adolescentes em idade escolar, e dos seus educadores/professores. Na presente publicação, e a partir desse estudo, pretendeu-se analisar com maior profundidade, alguns dos principais aspetos centrais para a compreensão e enquadramento da situação nas escolas portuguesas. Assim, para além da breve exposição das principais questões metodológicas e de alguns dos resultados apresentados no estudo principal, pretendeu-se abordar temas tão diversos como os comportamentos prossociais, o desempenho académico, o estilo, a satisfação e a qualidade de vida, a adaptação e os efeitos da pandemia de Covid 19, a relação entre os alunos e os professores e a relação entre estes e os diretores das escolas. Mais do que um fim, esta publicação, dando continuidade ao trabalho realizado em 2022, pretende constituir-se como novo contributo, uma nova ferramenta de trabalho ao dispor de todos os profissionais, alunos e famílias, para o melhor conhecimento da realidade da saúde psicológica e do bem-estar nas escolas portuguesas, valorizando a análise da situação atual e incentivando a apresentação dos resultados, a promoção do debate e sobretudo a continuidade e aprofundamento das iniciativas desenvolvidas. A saúde psicológica e o bem-estar devem assumir-se como desígnios nacionais, sendo temas transversais e fundamentais na educação dos jovens, e portanto devem ser abordados de forma integrada e multidisciplinar, envolvendo toda a comunidade escolar e promovendo ações conjuntas que visem o bem-estar de todos. Nuno Neto Rodrigues Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 8

Sumário executivo

Na sequência do relatório e das recomendações do Plano de Recuperação das Aprendizagens Escola 21|23+ ficou claro que a recuperação das aprendizagens dos alunos pós pandemia por COVID-19, teria de se situar num contexto de saúde psicológica, não só dos alunos como de todo o ecossistema escolar. Tal justificou o estudo “Observatório de Saúde Psicológica e Bem-Estar: Monitorização e Ação” cujo objetivo foi conhecer e monitorizar o panorama da saúde psicológica e bem-estar das crianças e adolescentes em idade escolar (5/6 anos ao 12.º ano de escolaridade), e dos seus educadores/professores, enquanto indicador geral de bem-estar do Ecossistema Escolar e para desenvolver recomendações de ação e intervenção promotoras de melhor saúde psicológica e bem-estar nos estabelecimentos de ensino. O estudo foi lançado aos agrupamentos de escolas selecionados aleatoriamente por NUTS III incluindo alunos de todos os níveis de ensino e incluindo os professores dos agrupamentos selecionados, através dum questionário elaborado e validado pelo grupo de trabalho com base em instrumentos já testados em Portugal. No total, foram incluídos 27 agrupamentos de escolas nos quais as turmas foram também sorteadas incluindo todos os níveis de ensino disponíveis no agrupamento de escolas. O desenho do estudo e o instrumento utilizados foram aprovados por um painel de especialistas do grupo Aventura Social no Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB), da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), da Direção-Geral da Educação (DGE), do Plano Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE), da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 10 Sumário executivo

O estudo integrou quatro tipos de questionários, dirigidos às crianças da educação pré-escolar e aos alunos do 1.º ciclo (respondidos pelos docentes); aos alunos do 2.º ciclo; aos alunos do 3.º ciclo e do secundário e aos docentes. No total, participaram no estudo 8067 alunos dos 5 aos 18 anos (idade média de 10,6 anos) desde a educação pré-escolar ao 12.º ano (44,9% frequentavam o 2.º ciclo do ensino básico, 40,1% o 3.º ciclo do ensino básico ou ensino secundário, e 15% a educação pré-escolar ou o 1.º ciclo do ensino básico); 49,7% dos participantes do género feminino. Dos 1453 docentes participantes, 81,8% pertencia ao género feminino, com idade compreendida entre os 22 e os 66 anos, média de idade 51 anos e com um tempo de serviço entre 0 e 47 anos (média de 26 anos). Na sequência deste estudo da DGEEC“Saúde Psicológica e bem-estar nas escolas Portuguesas” seguiram-se alguns estudos aprofundados de onde se salienta: No que diz respeito aos alunos mais novos (pré-escolar e 1.º ciclo) Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 11 Sumário executivo (…) o género (feminino) está associado a um maior comportamento prossocial (…) Os resultados obtidos mostraram que o género (feminino) está associado a um maior comportamento prossocial (pelo menos no caso da avaliação pelos professores). Fica clara a relação positiva do comportamento prossocial com baixos níveis de problemas de comportamento e de problemas relacionamento com os pares, e ainda a importância para o comportamento prossocial, dos processos cognitivos básicos, tais como a capacidade de atenção e concentração.

Evidencia-se uma pior situação com a idade, e nesta circunstância específica pós-pandémica, um pico no 2.º ano de escolaridade (alunos que iniciaram o seu percurso escolar no ano do início da pandemia?). No que diz respeito ao desempenho académico na educação pré-escolar e no 1.º ciclo do ensino básico, foi associado a fatores sociodemográficos relativos ao género e à idade, à escolaridade dos pais/cuidadores (escolaridade da mãe) e a medidas de ação social (não adesão), e ainda a fatores psicológicos (nomeadamente a existência de problemas relacionados com a hiperatividade e o comportamento prossocial). No que diz respeito aos alunos mais velhos (2.º e 3.º ciclos e secundário) Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 12 Sumário executivo Tomando por base o cumprimento das recomendações 24 horas do movimento de atividade física, sono e tempo de ecrã, e sua associação a ter sintomas de depressão, ansiedade e stresse, demostramos que é fundamental cumprir as recomendações do movimento para melhoria da saúde psicológica nas crianças e adolescentes. (…) o cumprimento de duas das três recomendações de atividade física, sono ou tempo de ecrã (…) positivamente relacionado com menos sintomas psicológicos (…) Destaca-se o cumprimento de pelo menos duas das três recomendações de atividade física, sono ou tempo de ecrã, estar positivamente relacionado com menos sintomas psicológicos. O sono assume um papel de destaque nesta relação. A idade das crianças e adolescentes aparece como um período crítico para o cumprimento de pelo menos duas das três recomendações de atividade física, sono ou tempo de ecrã.

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 13 Sumário executivo Um padrão semelhante e também independente do nível de ensino foi obtido, com os jovens que referem um agravamento da sua vida com a pandemia e que relatam níveis mais sintomas psicológicos, mais bullying, mais ansiedade em situações de avaliação. Independentemente do nível de ensino, os jovens que referem uma perceção de agravamento da sua vida pela pandemia, relataram despender um maior número de horas nos ecrãs. No caso da prática de atividade física e horas de sono (apenas nos alunos do 3.º ciclo e do ensino secundário) a perceção de melhoria da sua vida depois da pandemia relatam um maior número de horas de sono e maior prática de atividade física durante a semana. (…) os jovens que referem uma perceção de agravamento da sua vida pela pandemia, relataram despender um maior número de horas nos ecrãs (…) No âmbito das competências socioemocionais nos alunos dos 2.º e 3.º ciclos e do ensino secundário, piores resultados diferenciaram os alunos com perceção de agravamento da sua vida. No 2.º ciclo, caraterizaram-se por níveis mais elevados de bullying e, nos 3.º ciclo e ensino secundário, caraterizaram-se por níveis mais elevados de sintomas de depressão e sintomas psicológicos. Os alunos com perceção de melhoria de vida após a pandemia, independentemente do nível de ensino, caraterizaram-se por níveis mais elevados de satisfação com a vida. As competências socioemocionais distinguiram os alunos com perceção de melhoria da sua vida: os alunos do 2.º ciclo, reportaram maior otimismo e persistência/ perseverança; os alunos dos 3.º ciclo e ensino secundário, reportaram maior confiança, controlo emocional, sociabilidade, criatividade e sentimento de pertença à escola, para além do otimismo.

A perceção de competência, a autoconfiança e a capacidade de manter e estabelecer relações saudáveis, apresentam-se como variáveis com uma ligação forte com tópicos especialmente importantes em contexto escolar, tais como a perceção de segurança (menos bullying), maior perceção de pertença à escola, melhor relação com os professores, menor ansiedade face às avaliações, que por sua vez têm impacto na satisfação com a vida e no bem-estar dos adolescentes. Um ecossistema escolar pautado por um clima escolar saudável, seguro, colaborativo (escolaadolescentes-famílias-comunidade) e participativo, pode apoiar este processo. Um maior bem-estar socioemocional parece determinar uma maior satisfação com a vida. A autoestima prejudicada do género feminino, parece concordar com os maiores níveis de ansiedade escolar e sintomas de depressão, ansiedade e stresse, e a maior capacidade de comportamento prossocial justifica uma melhor relação com os professores. Em contraste, o género masculino, com uma maior capacidade de autogestão e motivação, destaca-se pela positiva na maioria das demais competências socioemocionais. No geral, o género masculino apresenta-se associado a maior SSES | otimismo, controlo emocional, resiliência/resistência, confiança, sociabilidade, criatividade, energia, e sentimento de pertença à escola; e as raparigas a um nível mais elevado de cooperação, melhor relação com os professores. Negativamente, o género masculino associa-se a maior índice de bullying, e o feminino, a maior ansiedade com os testes. Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 14 Sumário executivo (…) o género masculino associa-se a maior índice de bullying, e o feminino, a maior ansiedade com os testes.

Observou-se uma associação entre uma maior ansiedade com os testes e menores níveis de competências socioemocionais, menor qualidade de vida e menor perceção de satisfação com a vida e a maiores níveis de sintomas psicológicos. Globalmente, a qualidade de vida percebida e a satisfação com a vida apresentam-se positivamente associadas ao SSES à idade/escolaridade e ao género. O aumento de idade não acarreta benefícios para a melhor perceção da qualidade de vida ou para a satisfação com a vida. À medida que a satisfação com a vida aumenta, o mesmo acontece com o SSES | Competências Socioemocionais e as dimensões PYD | Desenvolvimento Positivo (confiança, conexão e competência), e à medida que a satisfação com a vida diminui, aumentam os sintomas de mal-estar psicológico, ansiedade, depressão e stresse, ansiedade com os testes e envolvimento embullying. Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 15 Sumário executivo Os resultados permitem identificar grupos em maior risco de não conseguir progredir num desenvolvimento positivo e saudável, nomeadamente as raparigas e os adolescentes mais velhos. Os rapazes e os adolescentes mais novos (7.º ano) revelam mais satisfação com vida, mais desenvolvimento positivo e mais competências, e inversamente, apresentam menos sintomas de mal-estar psicológico e menos sintomas de stresse, ansiedade e depressão. Verifica-se que os adolescentes do 8.º ano revelam resultados de maior risco quando comparados com os mais novos, mas também quando comparados com os do 10.º ano em alguns dos indicadores, o que remete para uma atenção e foco especial para os estudantes deste ano de escolaridade (alunos que mudaram de ciclo no ano em que se iniciou a pandemia? Os tradicionais “terríveis” oitavos anos?) (…) grupos em maior risco de não conseguir progredir num desenvolvimento positivo e saudável (…) as raparigas e os adolescentes mais velhos.

O estudo dos fatores que melhor explicam os sintomas de mal-estar psicológico na adolescência revelam que os sintomas de stresse, de ansiedade e de depressão são os que apresentam uma maior associação, seguidos pelo PYD | Desenvolvimento Positivo, (confiança, conexão, competência), pelo o impacto da pandemia Covid-19 e pelas competências socioemocionais. Numa adaptação do Modelo Dual a este estudo populacional, estudamos nos alunos mais velhos (2.º e 3.º ciclos e secundário) a distribuição dos alunos por cada uma de quatro situações definidas pelas condições de elevada ou baixa satisfação com a vida e de elevada ou baixa ocorrência de sintomas psicológicos de mal-estar. Globalmente, as raparigas apresentam uma situação mais desvantajosa do ponto de vista do seu malestar psicológico. Com este modelo podemos acrescentar que não só apresentam uma pior situação no que diz respeito a mais elevados indicadores de perturbação psicológica, como no que diz respeito à menor satisfação com a vida. Globalmente, os alunos com mais idade apresentam uma situação mais desvantajosa no que diz respeito ao seu mal-estar psicológico. Com este modelo podemos acrescentar que, o aumento da idade (aqui assumida através do proxy “ano de escolaridade”), associa-se a uma diminuição de satisfação com a vida, bem como a um aumento de perturbação psicológica. Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 16 Sumário executivo (…) o aumento da idade (…) associa –se a uma diminuição de satisfação com a vida, bem como a um aumento de perturbação psicológica.

Os resultados sugerem que o relato de sintomas é mais frequente nas raparigas, mesmo quando apresentam elevada satisfação com a vida, sendo que o relato de ausência de sintomas é mais frequente entre rapazes, mesmo quando referem uma baixa satisfação com a vida. Os mais novos são quem mais frequentemente indicam estar satisfeitos com a vida, quer apresentem ou não sintomas psicológicos, e os mais velhos mais frequentemente relatam baixa satisfação com a vida, reportando ou não sintomas psicológicos. Este facto aponta para a necessidade de se terem em consideração não só as situações extremas de “completa saúde” e “completa perturbação”, no cruzamento destas duas situações, mas também de ser importante considerar as situações em que apenas uma das situações se verifica (sintomas psicológicos reduzidos e elevada satisfação com a vida ou sintomas psicológicos acentuados com baixa satisfação com a vida). Tomando em conta outros indicadores do bem-estar psicológico (perceção de qualidade de vida e diversas competências socio-emocionais) e ainda alguns comportamentos de saúde (adequação do tempo de sono, do tempo de atividade física e o tempo de ecrã), este padrão repete-se, favorecendo os alunos num estado de bem-estar psicológico completo (elevada satisfação com a vida e sintomas psicológicos reduzidos) e vulnerabilizando os alunos num estado de perturbação psicológica completa (baixa satisfação com a vida e sintomas psicológicos acentuados). Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 17 Sumário executivo Confirma-se aqui também que, para um estado de bem-estar psicológico completo, são importantes a dimensão da satisfação com a vida e a dimensão da ausência de sintomas de mal-estar psicológico. Estes resultados sugerem que, ao longo da escolaridade, os sintomas de mal-estar psicológico (mesmo aquando de boa satisfação com a vida) se acentuam sobretudo nas raparigas, enquanto que nos rapazes ocorre uma diminuição da satisfação com a vida, mesmo quando os sintomas psicológicos são reduzidos. (…) para um estado de bem-estar psicológico completo, são importantes a dimensão da satisfação com a vida e a dimensão da ausência de sintomas de mal-estar psicológico.

Analisando os níveis de bem-estar e de satisfação com a vida dos alunos do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário, e identificando o risco de depressão entre os participantes, tomando em consideração características sociodemográficas (género, nível de ensino e zona de residência), os resultados mostraram que a maioria dos adolescentes que participaram no estudo apresentam nível baixo de bem-estar (51,1%), mas encontram-se medianamente satisfeitos com as suas vidas (58,5%), confirmando que se tratam de construtos distintos. Por outro lado, verifica-se que cerca de 20% dos participantes se encontra em risco de depressão e com baixa satisfação com a vida, sendo que mais de metade apresenta nível baixo de bem-estar. A percentagem de adolescentes em risco de depressão é um resultado que deve ser visto com alguma preocupação, sobretudo num período de “rescaldo” da pandemia de Covid-19. Nas três dimensões avaliadas – bem-estar, satisfação com a vida e risco de depressão – as raparigas apresentaram resultados menos positivos no domínio da saúde mental do que os rapazes. O mesmo acontece em relação à idade. Adolescentes do género feminino e de idades mais avançadas lucrariam ser alvo de intervenções focadas no risco mais elevado que apresentam de desenvolverem problemas de internalização e de reduzido bem-estar. Foram ainda encontradas diferenças relevantes entre as regiões analisadas (NUTS II) , apresentando os participantes residentes nas regiões do Algarve, seguida da região Centro, indicadores de saúde psicológica mais negativos. Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 18 Sumário executivo A percentagem de adolescentes em risco de depressão é um resultado que deve ser visto com alguma preocupação (…).

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 19 Sumário executivo A análise das variáveis individuais e contextuais associadas à perceção de alterações na vida diária devido à pandemia de Covid-19 em professores das escolas portuguesas, através das comparações entre grupos, em função da perceção de alterações na vida diária devido à pandemia de Covid-19, demonstrou que os professores com uma perceção de maior impacto da pandemia de Covid-19 na sua vida relataram níveis mais baixos de satisfação com a vida e bem-estar, níveis mais elevados de sintomas psicológicos e psicopatológicos e uma perceção de menor apoio nas diferentes vertentes do contexto escolar, a nível da direção, dos colegas e da promoção de programas de competências. No que diz respeito aos docentes Os resultados resultantes da análise das variáveis associadas ao bemestar e à perceção de satisfação com a vida, entre os professores portugueses revelam que, de uma maneira geral, quando analisamos as variáveis associadas ao bem-estar, encontramos uma relação entre elas. Por outro lado, quando analisamos as variáveis sociodemográficas, identificamos um perfil de risco: além das variáveis associadas ao bemestar, ter mais idade e ter mais anos de serviço (que muito provavelmente são colineares) também surgem como um risco para sentimentos de mal-estar psicológico. Este perfil agrava-se quando analisamos o género, revelando que, o risco de mal-estar parece maior para o género feminino, com mais idade, com mais anos de serviço. Situação tanto mais preocupante quando a percentagens de mulheres no estudo excede 80%. (…) os professores com uma perceção de maior impacto da pandemia de Covid-19, caraterizaram-se por níveis mais elevados de sintomatologia depressiva (…) A discriminação entre os três grupos evidenciou ainda que os professores com uma perceção de maior impacto da pandemia de Covid-19, caraterizaram-se por níveis mais elevados de sintomatologia depressiva e que os professores com uma perceção de menor impacto da pandemia de Covid-19 se caraterizaram por maior bem-estar e satisfação com a vida. (…) o risco de malestar parece maior para o género feminino, com mais idade, com mais anos de serviço.

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 20 Sumário executivo A análise do efeito mediador do ambiente escolar sobre a relação entre o apoio por parte da direção da escola e o bem-estar psicológico dos professores, evidenciou que o apoio da direção da escola foi um preditor significativo do ambiente escolar e que o apoio da direção da escola e o ambiente escolar foram preditores significativos do bem-estar percebido pelos docentes. Após o controlo do ambiente escolar, o apoio da direção da escola deixou de ser um preditor significativo do bem-estar psicológico. Assim, no presente estudo, o apoio da direção da escola mostrou exercer um efeito sobre o ambiente escolar e o ambiente escolar evidenciou um efeito positivo sobre o bem-estar psicológico. Quando controlado o efeito do ambiente escolar, o apoio da direção da escola mostrou exercer um efeito positivo indireto sobre o bem-estar psicológico dos professores através do ambiente escolar, indicando que o apoio por parte da direção da escola tem um efeito indireto sobre o bem-estar psicológico dos professores, através do ambiente escolar. (…) o bem-estar psicológico e a saúde mental dos professores (…) estão relacionados com o ambiente escolar (…) a comunicação e o apoio por parte de colegas e da estrutura da organização, assumem a maior importância (…) Estes resultados evidenciam que o bem-estar psicológico e a saúde mental dos professores, que deve ser uma prioridade, estão relacionados com o ambiente escolar, assim, a comunicação e o apoio por parte de colegas e da estrutura da organização, assumem a maior importância e devem ser tidos em consideração na promoção da saúde mental dos docentes. Na sequência destes resultados tecem-se algumas recomendações para alunos, famílias e profissionais de educação e saúde, bem como para as políticas públicas do setor, comprometidas não só na mitigação da situação, mas na preparação atempada para futuros cenários: antecipar, alertar e agir.

Executive summary

22 Following the report and recommendations of the School 2123+ Learning Recovery Plan, it was evident that after the COVID-19 pandemic, the students' learning recovery must be contextualized by the students and the school ecosystem's psychological health. This discovery prompted the "Psychological Health and Well-Being Observatory: Monitoring and Action" study. Its goal was to assess and monitor the general psychological health and well-being of school-aged children and adolescents (5/6 years to 12th grade) and their educators/teachers as a general indicator of the well-being of the School Ecosystem. In addition, the purpose was to develop action and intervention recommendations to promote better psychological health and wellbeing in educational settings. The study was launched in school clusters randomly selected by NUTS III, including students of all educational levels and their respective teachers, through a questionnaire designed and validated by the working group based on instruments already tested in Portugal. Classes were drawn for all levels of education from 27 school clusters. Experts from the Aventura Social team at the Environmental Health Institute (ISAMB), the Directorate-General for Education and Science Statistics (DGEEC), the Directorate-General for Education (DGE), the National Plan for the Promotion of School Success (PNPSE), the Portuguese Psychologists' Association (OPP), and the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG), approved the study's design and instrument. The study included four questionnaires addressed to pre-school and 1st cycle students (answered by teachers); 2nd cycle students; 3rd cycle and secondary level students; and teachers. Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 22 Executive summary

A total of 8,067 students between the ages of 5 and 18 (mean age: 10.6 years) from pre-school to 12th grade participated in the study; 49.7% were female. Among 1,453 participating teachers, 81.8% were female, between the ages of 22 and 66, with an average age of 51, and had between 0 and 47 years of experience (average 26 years). After this DGEEC study titled "Psychological Health and Well-being in Portuguese Schools," the following in-depth studies were conducted: Regarding younger students (pre-school and 1st cycle) The results indicated that gender (female) is related to greater prosocial behavior (according to teacher assessment). In addition, the positive association between prosocial behavior and low levels of behavioral and peer problems is evident, as is the significance of basic cognitive processes, such as the capacity to pay attention and concentrate, for prosocial behavior. There is evidence of a worsening situation with age and, in this particular post-pandemic scenario, a peak in the 2nd year of schooling (students who began school in the year the pandemic began?). Sociodemographic factors related to gender and age, parents'/carers' schooling (mother's schooling), and social action measures (non-adherence), as well as psychological factors, were associated with academic performance in pre-school education and the 1st cycle of primary education (namely the existence of problems relating to hyperactivity and prosocial behavior). Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 23 Executive summary

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 24 Executive summary Regarding older students (2nd and 3rd cycle and secondary) Based on compliance with the 24-hour movement recommendations for physical activity, sleep and screen time and their association with symptoms of depression, anxiety, and stress, we demonstrate that compliance with the recommendations is essential for improving the psychological health of children and adolescents. Compliance with at least two of the three recommendations regarding physical activity, sleep, or screen time is associated with reducing psychological symptoms. Sleep plays an important role in this association. Children and adolescents appear to be at a critical age for complying with at least two of the three recommendations regarding physical activity, sleep, and screen time. The analysis of individual and contextual variables associated with the perception of changes in daily life due to the COVID-19 pandemic in students in lower (2nd and 3rd cycles) and upper secondary school revealed a general pattern, regardless of the level of education, young people who perceived deterioration in their life due to the pandemic reported lower levels of life satisfaction and well-being. Young people reported a worsening of their lives due to the pandemic, as well as higher levels of psychological symptoms, increased bullying, and increased anxiety in assessment situations, and this pattern was also independent of their level of education. Regardless of the educational level, young people who perceived a decline in their quality of life due to the pandemic reported spending more time in front of screens. In the case of physical activity and hours of sleep (only in lower and upper secondary school students), those who perceived an improvement in their lives after the pandemic reported more sleep and increased physical activity during the week.

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 25 Executive summary Those who perceived deterioration in their lives achieved poorer results regarding socioemotional skills in the 2nd and 3rd cycles and secondary school students. In the 2nd cycle, they were characterized by higher levels of bullying; in the 3rd cycle and secondary school, they had higher levels of psychological and depressive symptoms. Regardless of educational level, students who perceived an improvement in their lives following the pandemic reported greater life satisfaction. Socio-emotional competencies distinguished students with a perception of life improvement: 2nd cycle school students reported more optimism and persistence/perseverance; 3rd cycle and secondary school students reported more confidence, emotional control, sociability, creativity, and a sense of belonging to a school in addition to optimism. Perceived competence, self-confidence, and the ability to maintain and establish healthy relationships are variables with a solid connection to vital topics in school settings, such as perceived safety (less bullying), a greater sense of belonging to the school, a better relationship with teachers, and less anxiety about assessments, all of which have an impact on the adolescents' life satisfaction and well-being. In addition, this process may be supported by a school ecosystem characterized by a collaborative (school-adolescents-families-community) and participative school climate. Life satisfaction appears to be proportional to one's socioemotional well-being. The lower selfesteem of females appears to correspond with higher levels of school anxiety and symptoms of depression, anxiety, and stress, while the greater capacity for prosocial behavior justifies a better relationship with teachers. In contrast, males stand out positively in most other socioemotional skills due to their greater capacity for self-management and motivation. The male gender is associated with higher SSES | optimism, emotional control, resilience/resistance, confidence, sociability, creativity, energy, and a sense of belonging at school, whereas the female gender is associated with greater cooperation and better relationships with the teachers. Negatively, the male gender is associated with higher bullying rates, while the female gender is associated with greater test anxiety.

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 26 Executive summary There was a correlation between test anxiety and lower levels of socio-emotional skills, quality of life and perceived life satisfaction, and psychological symptoms. In the SSES, perceived quality of life and life satisfaction are positively correlated with age/education and gender. However, increasing age does not result in improved quality of life perception or life satisfaction. As life satisfaction rises, so do SSES | Socio-emotional Skills and PYD | Positive Youth Development dimensions (confidence, connectedness, and competence), whereas as life satisfaction worsens, so do the symptoms of psychological distress, anxiety, depression, stress, exam anxiety, and involvement in bullying. The findings indicate that girls and older adolescents are at a greater risk of failing to advance in a positive and healthy manner. Conversely, boys and younger adolescents (7th grade) exhibit higher levels of life satisfaction, positive development, and skills and, consequently, have lower levels of psychological distress, stress, anxiety, and depression symptoms. It can be seen that adolescents in the 8th grade exhibit higher risk results when compared to younger students, but also when compared to those in the 10th grade in some of the indicators, which highlights the need for special attention and focus on students in this school year (students who changed cycle the year the pandemic began? The customary "terrible" 8th grade?) The study of the factors that best explain the symptoms of psychological distress in adolescents reveals that stress, anxiety, and depression have the strongest association, followed by the PYD | Positive Youth Development (confidence, connection, competence), the impact of the COVID-19 pandemic, and SSES | Socio-emotional Skills. Adapting the Dual Model to this population study, we examined the distribution of older students (2nd and 3rd cycles and secondary) by each of four situations defined by high or low life satisfaction and high or low occurrence of psychological symptoms of distress.

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 27 Executive summary Psychologically speaking, girls are in a more precarious position than boys. With this model, we can add that not only do they exhibit a worsening situation in terms of higher psychological distress indicators, but also in terms of lower life satisfaction. Overall, the psychological distress of older students is worse than that of younger students. According to this model, increasing age (here assumed through the proxy "year of schooling") is associated with decreased life satisfaction and elevated psychological distress. Girls are likelier to report symptoms, even when they report a high level of life satisfaction, whereas boys are likelier to report no symptoms, even when they report a low level of life satisfaction. In addition, younger people are more likely to report high life satisfaction, regardless of whether they have psychological symptoms, whereas older people are more likely to report low life satisfaction, regardless of whether they have psychological symptoms. This dynamic indicates that it is necessary to consider not only the extreme situations of "complete health" and "complete distress" at the intersection of these two situations but also situations in which only one of the situations is present (reduced psychological symptoms and high life satisfaction or marked psychological symptoms with low life satisfaction). When other indicators of psychological well-being (perceived quality of life and various socioemotional skills) and health behaviors (adequate sleep, physical activity, and screen time) are considered, this pattern repeats itself, favoring students in a state of complete psychological wellbeing (high life satisfaction and reduced psychological symptoms) while making students in a state of complete psychological distress (low life satisfaction and severe psychological symptoms) more vulnerable. This study also confirms that the dimensions of life satisfaction and the absence of psychological distress symptoms are essential for a state of complete psychological well-being. Furthermore, these findings suggest that the symptoms of psychological distress (even when life satisfaction is high) become more pronounced throughout schooling, particularly among girls,

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 28 Executive summary whereas life satisfaction decreases among boys, even when psychological symptoms are reduced. After considering the levels of well-being and life satisfaction among students in the lower and upper education, the socio-demographic characteristics (gender, level of education, and area of residence), and identifying the risk of depression, the results revealed that the majority of adolescents who participated in the study had low well-being (51.1%) but were moderately satisfied with their lives (58.5%), confirming the existence of a correlation between the two variables. On the other hand, we discovered that approximately 20% of the participants were at risk of depression and had low life satisfaction, with over half exhibiting low well-being. Especially in the "aftermath" of the COVID-19 pandemic, the percentage of adolescents at risk for depression should be viewed with concern. In the three assessed dimensions of mental health - well-being, life satisfaction, and depression risk - girls demonstrated less favorable outcomes than boys. The same holds in terms of age. Interventions focusing on the higher risk of developing internalization problems and diminished well-being among older female adolescents would be beneficial. After examining the regions (NUTS II), relevant differences were observed: with participants from Algarve, followed by those from the Center region, presenting more negative psychological health indicators.

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 29 Executive summary Regarding teachers The results of the analysis of the variables associated with well-being and perceived life satisfaction among Portuguese teachers indicate that, in general, when analyzing the variables associated with well-being, we discovered a correlation between them. In contrast, when we analyze the sociodemographic variables, we identify a risk profile: in addition to the variables associated with well-being, being older and having more years of service (which are most likely collinear) appear as a risk for psychological distress. This profile worsens when gender is considered, revealing that the distress risk appears to be higher for older females with more years of service. When more than 80 percent of the participants in the study are female, this situation becomes even more concerning. The analysis of individual and contextual variables associated with the perception of changes in daily life due to the COVID-19 pandemic in Portuguese school teachers, by comparisons between groups, according to the perception of changes in daily life due to the COVID-19 pandemic, revealed that teachers with a greater perceived impact of the COVID-19 pandemic on their lives reported lower levels of life satisfaction and well-being, higher levels of psychological and psychopathological symptoms and a perception of less support in the various aspects of the school environment, at the management level, colleagues, and the promotion of skills programs. The discrimination between the three groups also showed that higher levels of depressive symptomatology characterized teachers with a higher perceived impact of the COVID-19 pandemic, and teachers with a lower perceived impact of the Covid-19 pandemic were characterized by higher well-being and life satisfaction.

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 30 Executive summary The analysis of the mediator effect of the school environment on the relationship between school management support and teachers' psychological well-being revealed that school management support was a significant predictor of the school environment and that both school management support and school environment were significant predictors of teachers' perceived well-being. However, after controlling for the school environment, school management support no longer predicted psychological well-being. Thus, the present study revealed that school management support had an effect on the school environment and that the school environment had a positive effect on psychological health. After controlling for the effect of the school environment, it was found that support from school management exerts a positive indirect effect on teachers' psychological well-being via school environment, indicating that support from school management has an indirect effect on teachers' psychological well-being via school environment. These findings indicate that teachers' psychological well-being and mental health, which should be a priority, are influenced by the school environment; consequently, communication and support from colleagues and organizational structure are of the utmost importance and should be considered when promoting teachers' mental health. Following these findings, recommendations are made for students, families, education, and health professionals, as well as for the sector's public policies, which are committed to mitigating the situation and preparing for future scenarios: anticipate, alert, and act.

Résumé exécutif

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 32 Résumé Exécutif Suite au rapport et aux recommandations du plan de récupération des apprentissages à l'école 2123+, il paraissait évident que la récupération des apprentissages des élèves postpandémie de COVID-19 devait se situer dans un contexte de santé psychologique, non seulement des élèves mais aussi de tout l'écosystème scolaire. C'est ainsi qu'est née l'étude "Observatoire de la santé et du bien-être psychologiques : Monitoring and Action", dont l'objectif était de découvrir et de suivre le panorama de la santé et du bien-être psychologiques des enfants et adolescents d'âge scolaire (de 5/6 ans à 12ème année), et de leurs éducateurs/enseignants, en tant qu'indicateur général du bien-être de l'écosystème scolaire. Il s’agissait aussi de développer des recommandations d'action et d'intervention pour promouvoir une meilleure santé et un meilleur bien-être psychologiques en milieu scolaire. L'étude a été lancée auprès de groupes d'écoles sélectionnées aléatoirement par NUTS III, incluant des élèves de tous les niveaux d'enseignement et des enseignants des groupes sélectionnés, via un questionnaire conçu et validé par le groupe de travail sur la base d'instruments déjà testés au Portugal. Dans un total de 27 groupes scolaires, les classes ont été choisies parmi tous les niveaux d'enseignement disponibles. Des experts du groupe Aventura Social de l'Institut de Santé Environnementale (ISAMB), de la Direction Générale des Statistiques de l'Éducation et de la Science (DGEEC), de la Direction Générale de l'Éducation (DGE), du Plan National de Promotion de la Réussite Scolaire (PNPSE), de l'Association Portugaise des Psychologues (OPP) et de la Fondation Calouste Gulbenkian (FCG) ont approuvé la conception et l'instrument de l'étude.

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