Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 86 Estudo aprofundado Preditores do comportamento prossocial nas crianças inscritas na educação pré-escolar e nos alunos matriculados no 1.º ciclo do ensino básico: o papel do contexto regional num estudo nacional no contexto pós-pandémico mais comportamentos como a gentileza e consideração pelo outro, bem como comportamentos de ajuda e partilha (Fabes & Eisenberg, 1998). Roberts e Strayer (1996) estudaram as diferenças de género nos preditores de comportamento prossocial, tendo concluído que a empatia foi um forte preditor nos rapazes; já nas raparigas, a empatia esteve mais ligada a comportamentos prossociais para com os amigos e menos ligada à cooperação com pares. Sabemos também, pelo conhecimento científico existente, que a adversidade pode contribuir para o aumento de vulnerabilidades. Neste contexto, o ambiente social e comunitário em que as crianças vivem e se desenvolvem pode desempenhar um papel relevante na regulação emocional e comportamental (van Ham & Manley, 2012), podendo acentuar o impacto das vulnerabilidades individuais (Rutter, 1985). Contudo, do que é nosso conhecimento, são escassos os estudos que se debruçaram sobre o papel do contexto social/regional sobre o comportamento prossocial. A nível internacional, num dos primeiros estudos, de coorte, realizado por Flouri e Sarmadi (2016), acerca do papel dos fatores contextuais (ambiente escolar e comunidade) na moderação da relação entre o comportamento prossocial e os problemas emocionais e comportamentais em crianças, foram obtidos resultados que demonstraram o impacto do ambiente social na trajetória dos problemas de comportamento e do baixo desempenho académico. Tendo em consideração a relevância do estudo do comportamento prossocial e, em particular, a análise de eventuais especificidades envolvidas no contexto social/regional no qual as crianças se desenvolvem, o presente estudo teve como objetivo geral a análise dos fatores preditores do comportamento prossocial em crianças inscritas na educação pré-escolar e em alunos matriculados no 1.º ciclo do ensino básico, tendo em consideração a região onde as crianças residem. Era esperado, a partir de outros estudos realizados neste âmbito, que a existência de menos sintomas de internalização e externalização estivesse associada a mais comportamentos prossociais (e.g., Memmott‐Elison, et al., 2020) e que, de entre as variáveis sociodemográficas, o género fosse, também, preditor do comportamento prossocial (e.g.: Malonda, et al., 2019; Van der Graaff et al., 2018).
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