Posfácio pela Sra. Vice-Presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Dra. Sofia Ramalho Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 377 0 Foi em abril de 2021, em plena crise pandémica, em espírito de elevada missão e em representação da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), que integrei “o grupo de trabalho (GT) para apresentar sugestões e recomendações ao membro do Governo (…), no âmbito da criação do plano para a recuperação e consolidação das aprendizagens e de mitigação das desigualdades decorrentes dos efeitos da pandemia da doença COVID-19, destinado aos alunos dos ensinos básico e secundário (…) a considerar na preparação dos anos letivos 2021/2022 e seguintes” ( https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/3866-2021-161521475 ). Os diálogos prévios com o então Secretário de Estado e Adjunto da Educação e atual Ministro da Educação, João Costa, bem como os sucedidos no seio deste grupo de trabalho multidisciplinar foram rigorosos e exigentes, mas levavam em conta o potencial humano amplamente demonstrado pelas comunidades escolares, enquanto princípio e fim de superação e resiliência, que ajudaria a mitigar os efeitos desta crise e a preparar para as vindouras. O Plano 21|23 Escola+, que se designava como de recuperação das aprendizagens e de combate às desigualdades, fazia ecoar em mim os ensinamentos da ciência psicológica e da minha experiência em contexto escolar: de que não há aprendizagem (nem ensinagem) sem saúde psicológica! A disponibilidade para aprender (e, já agora, para ensinar) assenta numa dimensão social e afetiva que carecem de ser e estar cuidadas, a nível individual e coletivo. Por esse motivo, não poderia este plano ser encarado como apenas centrado na recuperação – mas nas potencialidades dos alunos e das comunidades (família, escola, freguesia…), enquanto instrumento de “alavancagem” e de superação. Se comportamento gera comportamento, potencialidades geram mais potencialidades em alunos, professores, não docentes, técnicos e lideranças. Seria, então, um plano baseado numa crise enquanto oportunidade de desenvolvimento integral de alunos e das suas comunidades, e então centrado na promoção e na prevenção, no seu sentido mais puro, e único meio de (re)construção de verdadeiros projetos de vida.
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