Posfácio pelo Sr. Diretor-Geral da DGE, Dr. Pedro Cunha Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 375 A aprendizagem humana é um processo transacional, não é meramente transmissivo. Ela assenta no estabelecimento de relações seguras e saudáveis, de compromissos para o ensino e a aprendizagem, na troca de saberes e de afetos. Cuidar da educação significa, em primeira instância, cuidar das pessoas que têm por ofício aprender e ensinar. Atender ao bem-estar e à saúde mental é a mais elementar forma de acautelar aprendizagens robustas e duradouras. O cérebro que aprende ou ensina o valor do Pi é o mesmo que o cérebro que naquele momento sente ansiedade, tristeza ou aborrecimento. A ciência cognitiva demonstrou-nos de forma clara como as funções executivas (a memória e a atenção, entre outras) são fortemente limitadas pelos estados emocionais, condicionando qualquer aprendizagem ulterior. É por estas razões que não podemos dissociar o ensino e a aprendizagem de conteúdos curriculares do ensino e aprendizagem de competências sociais e emocionais. Num mundo cada vez mais complexo, caracterizado por mudanças rápidas e imprevisíveis, compete-nos dotar os alunos dos conhecimentos e das competências necessárias para que possam florescer, compreendendo e gerindo as suas emoções, tomando decisões responsáveis ou estabelecendo relações saudáveis com os outros. Também a este respeito a evidência é muito clara. O investimento no desenvolvimento social e emocional de professores e alunos, como parte da cultura da escola, está fortemente correlacionado com o rendimento académico, motivação para a aprendizagem, redução da violência e indisciplina e a perceção de bem-estar. Finalmente, o investimento no desenvolvimento de competências sociais e emocionais – como a consciência de si e do outro, a autorregulação, o relacionamento social e a tomada de decisão responsável –prepara os alunos para o sucesso muito para além das paredes das salas de aula.
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