Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 323 Estudo aprofundado Adaptação psicológicaàpandemia deCovid-19emprofessores portugueses: opapel dos fatores psicológicose contextuais na perceçãodealterações na vidadiária possam ter contribuído para acentuar estas diferenças. Sugerimos que estudos futuros neste âmbito tenham em consideração o papel dos recursos pessoais e das exigências do trabalho na mediação da relação entre a exposição a fontes de stresse e os sintomas psicológicos, o bem-estar e a satisfação com a vida. Ainda, apesar de ter começado a ser estudada há menos tempo nos professores, a fadiga por compaixão, enquanto forma de exposição continuada ao sofrimento (e.g.: Ormiston, et al., 2022) assume, pelas caraterísticas do seu trabalho, em particular durante a pandemia, grande relevância, pelo que estudos futuros nesta área devem ter esta forma específica de burnout em consideração. Por outro lado, a exposição continuada a fontes de stresse acarreta consequências para a saúde mental, e os professores não são exceção. No contexto da pandemia, a formação prévia em metodologias de ensino à distância mostrou estar associada a menores níveis de sintomas psicológicos e a maior satisfação com a vida (Hidalgo-Andrade et al., 2021). Para além disso, o aumento do volume de trabalho (incluindo o aumento das necessidades de apoio aos alunos) e as dificuldades nos relacionamentos interpessoais e na compreensão das decisões tomadas mostram também explicar as diferenças nesta adaptação (Robinson et al., 2022). Assim, a avaliação sistemática dos fatores relacionados com a adaptação às fontes de stresse no trabalho, a par da avaliação sistemática destas mesmas fontes de stresse, enquanto fatores de risco psicossocial, deve ser o primeiro foco do trabalho específico a realizar com esta população. Desta forma, os resultados a obter podem permitir a implementação de um modelo de atuação, que contempla diferentes níveis de necessidades, individuais e organizacionais, com vista à promoção global da saúde mental e do bem-estar e da qualidade de vida dos professores no seu local de trabalho. Neste âmbito, num primeiro nível, o foco deve ser colocado na prevenção das fontes de stresse, pela modificação do ambiente escolar (por exemplo, através de oportunidades de formação) e pela implementação, pelas organizações escolares, de programas e estratégias de promoção da
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