E-book Saúde Psicológica e Bem-estar

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 278 Estudo aprofundado Insatisfeitos comavidaouemriscodedepressão?Umestudo comadolescentes do3.º ciclodoensino básicoe do ensino secundário Luijten et al., 2021). Obern e colaboradores (2022) argumentam que este decréscimo pode ser explicado pelos desafios inerentes ao período da adolescência, pautados por uma maior autonomia/insegurança e por transformações sucessivas em todas as dimensões da vida dos jovens (Matos, 2021). O estudo colaborativo da OMS (Health Behaviour in School-aged Children; HBSC) em que Portugal participa desde 1998, mostra uma diminuição da satisfação com a vida e da perceção de felicidade dos adolescentes entre 2018 e 2022, a par de um aumento dos sintomas físicos e psicológicos (Gaspar et al., 2022). Depressão na adolescência Segundo a OMS (2021), a depressão é a principal causa de incapacidade a nível mundial, tendo grande parte dos casos origem na adolescência e uma incidência significativamente mais elevada em raparigas do que em rapazes (e.g., Frey et al., 2020; Gaspar et al., 2022; Luijten et al., 2021), sobretudo a partir dos 13 anos de idade (Frey et al., 2020). Um estudo com uma amostra muito alargada de adolescentes de 11 países da Europa, com idades entre os 14 e os 16 anos, mostrou uma prevalência de 10,5% de depressão e 29,2% de depressão subclínica, embora estes últimos fossem casos igualmente associados a elevado risco de comprometimento funcional e de suicídio (Balázs et al., 2013). Apesar de diferentes trajetórias de desenvolvimento de sintomas depressivos poderem conduzir a resultados sociais e de saúde específicos, a depressão durante a adolescência afeta de forma negativa a saúde física e os hábitos de vida (e.g., consumo de substâncias, alimentação, sono, comportamento sexual), o bem-estar, os processos de socialização com os pares, as relações familiares e o desempenho escolar (e.g., Ames & Leadbeater, 2018; Bettge et al., 2008; Bulhões et al., 2021; Raposo & Francisco, 2022). Todas estas dimensões têm sido igualmente referidas como tendo sido afetadas durante a pandemia de Covid-19 (e.g., Branquinho et al., 2020; Francisco et al., 2020).

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