E-book Saúde Psicológica e Bem-estar

Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 186 Estudo aprofundado Perceçãodasatisfação, qualidadede vidapercebidae competências socioemocionais dos alunos nas escolas portuguesas à manutenção dos indicadores de saúde mental (Groep et al., 2020; Hussong et al., 2021; Arslan & Yıldırım, 2021; Branje & Morris, 2021). No que diz respeito ao bullying, a sua diminuição com a idade é relativamente paradoxal aos dados da literatura que apontam que vítimas e agressores possuem menos SSES, uma vez que as SSES diminuem com a idade. No estudo Health Behaviour in School-aged Children/Organização Mundial de Saúde 2022, verificou-se que eram os adolescentes mais novos os que mais provocavam e eram vítimas de bullying (Gaspar et al., 2022). Embora sejam os mais velhos os que reportam menores níveis de competências socioemocionais, a literatura sustenta, que de um ponto de vista neurocognitivo, existe uma maturação, ao longo da adolescência, das funções executivas, responsáveis por processos como: a flexibilidade cognitiva; o planeamento; a tomada de decisão; e o controlo inibitório; que estimulam a adoção de ações mais ponderadas (Ferguson et al., 2021). A relação com os professores pode porventura diminuir como resultado da diversificação de disciplinas (aumento do número de professores e consequentemente menor número de horas de contacto com cada um deles), e pela menor atenção que se tem com adolescentes mais velhos em comparação com os mais novos. A literatura reconhece o papel das relações entre professores e alunos, como parte essencial do desenvolvimento pessoal, social e académico dos adolescentes (Martin & Collie, 2019). Esta relação parece sofrer influências de múltiplos fatores, entre eles, a saúde mental dos professores (Harding et al., 2019). No estudo saúde psicológica e bem-estar foram aferidos indicadores de saúde mental dos professores, e foi possível concluir que pelo menos metade dos professores do estudo reportavam algum sinal de sofrimento psicológico e mais de metade referiram que a sua vida com a escola havia piorado após a pandemia por Covid-19 (Matos et. al., 2022). Concluindo, a satisfação com a vida e qualidade de vida percebida pelos adolescentes parece depender de uma enorme gama de competências socioemocionais, assim como da idade e do género.

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