Saúde Psicológica e Bem-estar | Observatório Escolar 109 Estudo aprofundado Opapel do contexto regional no desempenho académico das crianças inscritas na educação pré-escolar edos alunos matriculados no 1.º ciclodoensino básico Estudos realizados no âmbito da relação entre a saúde e o bem-estar com indicadores relativos à educação (e.g., Albert & Davia, 2011; The Lancet Public Health, 2020) evidenciam o papel das trajetórias académicas como um dos determinantes da saúde, o que permite prever que um investimento na educação pode, a médio e longo prazo, determinar um impacto positivo na saúde da população (Albert e Davia, 2011; Lindstrand et al., 2022). Um dos fatores mais estudados neste âmbito é o desempenho académico que, de acordo com a literatura científica na área, é influenciado de forma interativa por fatores sociodemográficos, incluindo o estatuto socioeconómico (e.g., Li et al., 2022), fatores psicológicos, como as características individuais da criança (e.g., LoParo, et al., 2022) e fatores familiares, escolares e relativos ao contexto mais alargado (Aikens & Barbarin, 2008). Por outro lado, também os fatores ligados à saúde física e psicológica e ao bem-estar (sintomas psicológicos, atividade física, alimentação ou sono, por exemplo) têm vindo a ser associados ao rendimento escolar (e.g., Amaral & Silva, 2008; Khanam, & Nghiem, 2018; Valenzuela et al, 2022; Zendarski et al, 2021). De entre os fatores sociodemográficos, o estatuto socioeconómico (ESE) tem vindo a evidenciar uma relação com o desempenho académico (Barrigas & Fragoso, 2012; Thomas & Stockton, 2009). Mais recentemente, Armstrong-Carter e colaboradores (2021) demonstraram a existência de maior risco de fraco desempenho académico em crianças com ESE mais baixo. O ESE tem sido também relacionado com o ambiente familiar, nos aspetos relacionados com oportunidades, recursos ou disponibilidade. O grau de literacia das famílias, nomeadamente dos pais, é um fator que também surge na literatura como preditor do desempenho académico (Connelly-Weida, 2007; Pierce & Brisk, 2002). Outros autores evidenciam ainda a influência da participação da família na vida escolar sobre o desempenho académico da criança (Barrigas et al., 2004; Osterling, 2001).
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